Já parou para pensar o que leva alguém a tocar bateria? Afinal, trata-se de um instrumento muito peculiar – não só pelo tamanho, mas principalmente pelo barulho (que pra nós, bateras, é a melhor parte da coisa). Além disso, é um instrumento onde o aprendizado é permanente. Sem contar as inimizades criadas com os vizinhos – principalmente se você mora em apartamento. Mas os benefícios vão além do prazer de tocar. Vamos entender um pouco mais?
Em 2019, uma pesquisa liderada por Lara Schlaffke da clínica universitária Bergmannsheil em Bochum, na Alemanha, e pelo professor associado Sebastian Ocklenburg da unidade de pesquisa em biopsicologia da Ruhr-Universität Bochum, comprovou, através de ressonância magnética, que os bateristas têm as áreas cerebrais motoras organizadas de forma mais eficiente e a coordenação motora supera muito a de pessoas não treinadas.
Um dos meus primeiros professores, o mega batera Cláudio Infante – que dispensa apresentações – me recebia semanalmente em seu estúdio, em Niterói, com a seguinte frase: “Bora espantar o alemão?”. Era uma referência ao Alzheimer, doença que leva o nome do alemão que a descobriu e que provoca inexorável deterioração das funções cerebrais. “Não conheço um batera que sofra disso”, emendava Infante.
Abaixo, vou citar apenas alguns dos benefícios comprovados pela comunidade científica aos longos dos muitos anos de estudos, além dos já citados.
*Alívio do estresse e liberação de endorfina:
A prática da bateria faz com que o corpo produza mais endorfina. Esse hormônio é responsável pela sensação de felicidade, de prazer e é liberado pelo corpo quando você faz coisas que gosta e, principalmente, quando realiza atividades físicas. Tocar bateria é um grande exercício físico, já que o músico movimenta o corpo o tempo todo durante sua prática. A endorfina também é responsável por neutralizar o cortisol (hormônio liberado em situações estressantes).
*Desenvolve o cérebro:
Tocar bateria ativa os dois lados do cérebro e ajuda a atingir a coordenação hemisférica (controle sobre os dois lados do cérebro – técnico e criativo).
*Desenvolvimento de autoconfiança:
O estudo e a prática do instrumento ativa diversas possibilidades que jamais imaginávamos ser capaz de executar. A cada aprendizado novo, cada virada, cada música tirada nos torna mais confiantes. O desenvolvimento de ações rápidas motivadas pelo instrumento nos dá, ainda, uma ajuda importante para tomada rápida de decisões no dia a dia – seja na vida profissional ou pessoal.
*Aprendizado contínuo:
A bateria é daqueles instrumentos que, quem opta por tocar, deve saber que o aprendizado é permanente. Novos ritmos, novas leituras, viradas. Tudo isso passa pelo estudo e a dedicação ao instrumento, acima de tudo.
Escrito por Max Monjardim – Jornalista, batera e aluno de Thiago Chaves no Nash Studio, em Brasília.